“Em dia com a Psicologia”
Solidão, que nada!
É muito comum encontrarmos pessoas preocupadas com a solidão ou em como lidar com ela. Solidão parece estar muito mais relacionada à um sentimento do que à falta real de companhia. Pode-se sentir solidão mesmo estando entre muitas pessoas.
Para analisar em particular cada caso de solidão é importante “mapear” esse sentimento, descobrindo quando ele aparece com mais intensidade, quando é mais fraco, quais são as situações em que ele aparece ou quem está presente ou se ausenta quando ele aparece. Esse mapeamento ajuda a gente a se conhecer melhor e a lidar melhor com os sentimentos.
Pode ajudar também a procurarmos fazer coisas que nos façam sentir bem.
Refletir sobre a solidão leva à reflexão sobre os relacionamentos humanos. Muitas vezes colocamos expectativas altas demais em relação a uma outra pessoa ou interpretamos as coisas que acontecem de uma maneira que nos faz sofrer mais que o necessário. É comum a gente pensar coisas do tipo `o que eu fiz de errado para ela me tratar assim?’ ou ‘as pessoas estão com raiva de mim’ ao invés de nos concentrarmos no que aconteceu e buscarmos soluções concretas.
Um aspecto interessante a ser lembrado é que nossas atitudes para com as outras pessoas influenciam as atitudes que elas têm com a gente. É uma via de mão dupla, uma troca. Assim como as outras pessoas sinalizam se estão bem ou mal e o que esperam de nós, nós também determinamos ou damos sinais de como os outros devem agir conosco. Damos dicas de que não queremos intimidades ou de que queremos nos aproximar. No entanto, nem sempre sabemos se estamos dando corretamente essas dicas ou se elas estão sendo interpretadas como gostaríamos. Às vezes, é necessário reavaliar a maneira pela qual damos esses sinais aos outros, perguntando-nos, por exemplo, ‘se uma outra pessoa agisse comigo da maneira como eu estou agindo, como eu entenderia? o que eu faria?’.
Essa reavaliação pode ser útil para descobrirmos novas formas de interagir com o mundo que diminuam a solidão e outros sentimentos ruins e que tragam mais oportunidades para que os sentimentos bons apareçam.
Luciana Rosa Machado
lu_rosa@bol.com.br.
Artigo publicado pelo Bragança Jornal Diário em 2004