“Em dia com a Psicologia”
Medo ou fobia?

Rato, barata, aranha, sangue, altura, elevador, avião, lugares fechados, lugares abertos… Nossas impressões sobre todas essas coisas podem não ser das mais agradáveis… Algumas delas podem causar um pouco de nojo, outras chegam a provocar medo. O medo e o nojo no caso dos animais e do sangue é compreensível, pois eles realmente oferecem perigo à saúde. Da mesma forma, estar em elevadores, aviões, lugares altos, fechados ou abertos também pode representar algum perigo ou ameaça. Essas reações são naturais e indicam que a gente está preocupado com nossa vida.

No entanto, quando esse medo exagerado persiste sempre que uma determinada situação aparece (por exemplo, diante de elevadores) e chega a atrapalhar as atividades normais de uma pessoa, ele pode ser considerado uma fobia. Para as pessoas que não têm fobia, os elevadores não representam nenhum perigo a mais. Para quem tem fobia de elevadores, no entanto, as sensações diante deles são extremamente desagradáveis, eles significam uma ameaça muito grande, embora a própria pessoa reconheça que essa ameaça não é racional. Como conseqüência, essa pessoa passará a evitar elevadores, depois pode passar a evitar entrar em prédios, posteriormente pode evitar entrar em cômodos pequenos e assim, com todas essas evitações, pode acabar levando uma vida muito restrita, com poucas opções para agir.

O medo exagerado de se afastar daquilo que oferece segurança (como a própria casa) ou de estar em lugares onde haja muita gente, ou em lugares fechados (como cinemas, supermercados ou ônibus) caracteriza um outro tipo de fobia, a agorafobia. Quem tem agorafobia teme não conseguir fugir para um lugar seguro ou não conseguir ajuda no caso de alguma emergência. Enquanto que a porcentagem de homens e mulheres que têm fobias simples e fobia social é a mesma, 80% das pessoas que têm agorafobia são mulheres.

A fobia social é um tipo mais complexo de fobia, porque está relacionada a coisas que não podemos observar, como medo de ser avaliado de maneira negativa pelas outras pessoas, medo de ser criticado ou rejeitado. Algumas pessoas que têm fobia social evitam comer, falar ou escrever em público, como se todos as observassem e as avaliassem negativamente.

A origem das fobias está possivelmente ligada a uma associação entre o “alvo” do medo e algo considerado ruim para a pessoa. Essa associação não precisa ser consciente ou lembrada. Ela aconteceu em algum momento da vida da pessoa que tem a fobia e foi se desenvolvendo aos poucos.

O tratamento feito em psicoterapia para as fobias procura fazer com que o medo, que foi aprendido, seja desaprendido, diminuindo ou acabando com a ansiedade e a evitação.

Luciana Rosa Machado
lu_rosa@bol.com.br.

Artigo publicado pelo Bragança Jornal Diário em 2004

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