No dia-a-dia, é comum a gente dizer que fulano ficou louco da vida, que é loucura dirigir como tal pessoa ou que sicrano fez uma loucura por amor. O termo loucura é usado tantas vezes e o usamos para nos referir à coisas tão diferentes que ele já não define nada de maneira precisa e, por isso, não tem mais utilidade científica.
No dicionário, um louco é um indivíduo que perdeu a razão, demente, alienado. Também pode ser uma pessoa extravagante, excêntrica, apaixonada ou imprudente.
Antigamente, uma pessoa louca ou alienada poderia ser definida como alguém que não se enquadrasse no que seria considerado normal ou esperado para a época, o que poderia englobar muitas das doenças mentais hoje (um pouco mais) conhecidas, como a esquizofrenia, o transtorno obsessivo-compulsivo, transtornos do humor e psicoses.
Na definição de todos os transtornos mentais não existe um limite fixo entre o que pode ser considerado “normal” e o que pode ser considerado patológico (que caracteriza a doença). Isso acontece porque os critérios usados para fazer essa distinção dependem de muitos fatores e dizem respeito ao momento em que o transtorno passa a interferir e comprometer as atividades cotidianas da pessoa.
Definir o que é ser louco passa pela complicada questão de definir o que é ser normal. Como diz o nome, normalidade tem a ver com colocar dentro de normas estabelecidas, sejam elas estatísticas, biológicas, psicológicas e também normas socioculturais, pois o que é considerado normal no Brasil pode não ser considerado normal na Índia e vice-versa.
Diz o ditado que de médico e de louco todo mundo tem um pouco. Pelo menos no que se refere a ser um pouco louco, a frase tem razão de ser. Todos nós passamos por fases em que nos sentimos mais desanimados ou mais ansiosos, temos nossas manias e nossas esquisitices e é como se sentíssemos um pouquinho de alguns dos transtornos mentais. Mas isso é diferente de sentir que essas coisas passam a atrapalhar nossas vidas, a impedir que façamos algo que gostamos ou precisamos fazer. Se isso acontece, é o momento de procurarmos ajuda e orientação.
Luciana Rosa Machado
lu_rosa@bol.com.br.
Artigo publicado pelo Bragança Jornal Diário em 2004