São José do Rio Preto, 19 de outubro de 2008
Ariana Pereira-Diário da Região
Verde ou vermelho? Aceitar ou não a proposta de mudança de empresa? Sair ou não com aquela pessoa? Desde a hora que abrem os olhos ao acordar pela manhã, as pessoas precisam tomar decisões, ainda que insignificantes, a quase todo instante. Decidir-se pode ser, no entanto, para alguns indivíduos, um verdadeiro desafio, até mesmo intransponível, em casos mais extremos. A indecisão pode paralisar uma pessoa e fazer com que ela perca oportunidades ou tenha prejuízos em conseqüência da falta de ação frente ao momento pelo qual passa. “As pessoas têm dificuldade em tomar uma decisão por falta de habilidade necessária para avaliar adequadamente as perdas e os ganhos de cada opção. Mas, principalmente, são indecisas por desconhecer seus valores. Pois é com base neles que podemos avaliar qual é a melhor opção, a que atenderá melhor nossos ideais e nos trará maior satisfação. Não assumir a responsabilidade pela própria vida também torna alguém indeciso”, afirma a psicóloga clínica e personal coach Marciliana Corrêa.
De acordo com Marciliana, que é membro da Sociedade Brasileira de Coach, quando a pessoa espera que outro decida por ela, ou que as situações se resolvam sozinhas, perde a oportunidade de escolher o melhor para si. Ser capaz de fazer uma opção trará mais satisfação pessoal. Decidir-se é tomar as rédeas da própria existência. Deixar de fazer algumas escolhas pode jogar as pessoas em um tipo de inércia prejudicial, segundo a psicóloga clínica e organizacional Kátia Ricardi de Abreu. “O caso extremo de pessoas que passam a vida esperando que outros tomem a decisão por elas ou solucionem os problemas delas é um comportamento característico de esquizofrênicos. É uma forma de não utilizar o pensamento: alguém pensa, dá a solução, o direcionamento e isso evita que a pessoa se responsabilize pelas ações. Se ela decidir de forma errada, a culpa é daquele que falou para fazer dessa ou de outra forma”, afirma a psicóloga.
Apenas a própria pessoa sabe o que é realmente importante para si, traz satisfação ou a possibilita tornar real um grande sonho que tem. Assim sendo, segundo Marciliana, apenas esse indivíduo é capaz de decidir sobre aspectos da própria vida. Apesar do conforto encontrado quando outro decide por nós, continua a personal coach, o risco de tal ato é grande. “Às vezes investimos muito tempo numa profissão que escolheram para a gente, para descobrir anos depois que não temos satisfação alguma com nossas carreiras e profissões. Quem perde não é a pessoa que escolheu por nós.”
Errar é humano
Como todas as pessoas estão sujeitas a erros, quando se descobre que a escolha feita não foi a melhor, a solução é não se martirizar e seguir adiante. Marciliana afirma que, ao se dar conta de que escolheu a opção errada, o indivíduo precisa analisar os fatos, especificar o problema, indicar uma solução e colocá-la em prática o quanto antes. Ela diz ainda que é necessário ter uma atitude otimista e não prorrogar o sofrimento culpando-se ou tentando encontrar um culpado pelos resultados não esperados. O receio em lidar com os resultados negativos das próprias escolhas pode ser a causa da indecisão de muitas pessoas. Dessa forma, para a psicóloga Kátia, é preciso descobrir que assumir a responsabilidade pelas decisões que se toma é um ato de autonomia que liberta. Segundo a psicóloga, ter de tomar algumas decisões difíceis pode angustiar, mas o prazer de escolher é sempre maior.
O crescimento psicológico é o desenvolvimento da autonomia que dá à pessoa o prazer de conduzir a própria vida, continua Kátia. “O que eu escuto freqüentemente é que a culpa é do outro: do pai, da mãe, do filho, do chefe, do governo. As pessoas desistem muito cedo de seus projetos de vida; sucumbem diante das primeiras dificuldades nos relacionamentos conjugais, profissionais, sociais. Não têm criatividade para contornar, tirar proveito das crises, aprender com os erros, recomeçar, dar ‘a cara para bater’. É mais fácil encontrar um ‘bode expiatório’ para evitar entrar em contato com suas dificuldades internas, suas limitações, imperfeições, assumir seus erros”, afirma a psicóloga.
Todo dia
Não é preciso esperar grandes ocasiões para fazer uma escolha. De acordo com a personal coach Marciliana, grandes projetos estão entrelaçados com as pequenas decisões do dia-a-dia. A personal coach assegura que é nessas pequenas decisões do cotidiano que se inicia a construção dos sonhos e grandes projetos pessoais. “As pequenas decisões cotidianas são muito importantes, pois levam em direção aos sonhos ou nos afastam deles. Por exemplo, você sonha em fazer uma viagem, comprar um carro zero, ter a casa própria ou sair do aluguel. Mas na loja diante do vendedor você decide comprar qualquer outra coisa que você realmente não precisa e gasta o dinheiro que deveria ir para o seu sonho. Ou ainda você deseja fortemente fazer faculdade, mas decide ver televisão ao invés de se dedicar mais um pouco aos estudos para o vestibular”, diz Marciliana.
Faça uma análise de perdas e ganhos:
:: O que eu ganho ou perco em fazer A?
:: O que eu ganho ou perco em não fazer A?
:: Veja as perdas e ganhos em relação aos seus valores: o que é importante e você ganhará, o que é importante e você perderá?
:: Verifique se é possível minimizar as perdas e maximizar os ganhos. Após compare as situações
:: No final, reflita o que é realmente importante para você
:: Depois desse processo, é muito importante fazer a análise sobre quem são as pessoas que estão envolvidas na sua decisão
:: Qual será o impacto sobre elas?
:: Prejudicará alguém?
:: O que é possível fazer que para que ninguém seja prejudicado ou tenha perdas?
:: Pontos importantes para decidir-se
:: Qual das alternativas lhe deixará mais próximo de realizar seus sonhos, lhe ajudará a cumprir sua missão?
:: Depois de fazer uma escolha, trabalhe duro para que ela funcione, traga os ganhos que imaginou e traga satisfação.