do terceiro colegial e ingresso num curso universitário. Mas apenas uma porcentagem muito pequena dos brasileiros pode fazer faculdade, e a escolha profissional, para a grande maioria, não é realmente uma escolha porque as adversidades acabam restringindo as possibilidades de trabalho. Quem precisa de grana não pode recusar trabalho nem esperar a oportunidade de ouro.

A escolha de uma profissão envolve fatores como habilidades prévias, possibilidade de ganhar bem e grau de informação sobre a futura profissão. Pode envolver também expectativas da família ou valorização social da profissão, mas não deveria deixar de envolver autoconhecimento e realização pessoal. Se a gente faz uma escolha que não leva em conta o que a gente gosta, a gente mesmo pode sofrer as conseqüências disso. Afinal, quantas pessoas você já ouviu dizendo “adoro meu trabalho”?

As crises vocacionais não aparecem apenas antes da escolha de uma faculdade ou de um primeiro emprego, mas estão presentes em diversas fases da vida. É comum e até saudável que uma pessoa, mesmo bem sucedida, se conteste se está mesmo realizada profissionalmente, pois a gente passa por diversas mudanças ao longo do tempo e mudar de trabalho pode refletir essas mudanças.

Quanto à escolha de uma faculdade, ter informação sobre o cotidiano da futura profissão, as disciplinas a serem cursadas, a rotina do curso e como é a instituição de ensino pode ajudar muito na hora de escolher um curso. Mas, de longe, o mais importante, e também a tarefa mais difícil, é se conhecer melhor, coisa que nenhum teste pode mostrar por si só. Definir o que mais gostamos de fazer (o que estamos fazendo quando o tempo voa?), que tipo de filmes ou livros apreciamos e porquê, o que imaginamos para o futuro… Saber das próprias preferências pessoais contribui para que nos conheçamos melhor e para optar por uma profissão que tenha a ver com nossos sonhos e com a contribuição que queremos dar.

Luciana Rosa Machado
lu_rosa@bol.com.br.

Artigo publicado pelo Bragança Jornal Diário em 2004

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