Os jogos de azar podem ser uma simples atividade de lazer, um passatempo gostoso capaz de reunir amigos e render boas risadas.

No entanto, todos sabemos que existe um limite sutil entre o jogo que é uma diversão e o jogo que é um vício. O jogo pode ser considerado patológico quando comprometer atividades que seriam importantes para a vida da pessoa.

Jogar freqüentemente pode ter vários motivos, entre os quais, sentir muito prazer jogando, conseguir dinheiro, conseguir atenção da família ou sentir-se menos ansioso ou menos triste.

Para entender melhor o que acontece nos jogos, imaginemos duas pessoas. Uma vai até o banco e outra vai até o bingo. O objetivo das duas é o mesmo: conseguir dinheiro. A pessoa que vai até o banco faz o procedimento necessário e pega o dinheiro.

A pessoa que vai ao bingo joga cinco rodadas e ganha. Joga mais doze e ganha. Joga até o dinheiro acabar e vai embora.

Qual é a diferença entre as situações vividas por essas pessoas?

A pessoa que foi até o banco sabia que era muito provável que ela viesse a pegar aquele dinheiro, pois todas as vezes em que foi até o caixa, conseguiu. Se, por acaso, não conseguisse o dinheiro, faria tudo o que fosse possível até resolver a situação.

A pessoa que foi até o bingo sabia que a chance de ganhar não era garantida, mas sabia também que poderia acontecer de ganhar algum dinheiro se a sorte estivesse ao seu lado. Quando a rodada terminava e o dinheiro não vinha, não havia modificação nenhuma, apenas a espera da próxima oportunidade.

As duas pessoas estão sob esquemas diferentes de premiação ou recompensa. A pessoa que foi ao banco está numa condição constante de premiação que dá margem a tentativas de resolver a situação caso alguma coisa dê errado e o dinheiro não venha.

Já o que existe nos jogos é um esquema de premiar de vez em quando, sem nenhuma constância e sem relação com o que quer que seja feito por quem deseje ser premiado. É esse esquema que mantém o comportamento de continuar jogando por longos períodos, mesmo que a pessoa não seja premiada, além de ser um esquema que não estimula nenhuma solução alternativa quando o prêmio não vem, pois às pessoas que jogam e não ganham resta apenas esperar pela próxima rodada.

Ter consciência desse esquema cruel de premiação existente nos jogos de azar é importante para ter cuidado com os exageros e para experimentar outras diversões.

Luciana Rosa Machado
lu_rosa@bol.com.br.

Artigo publicado pelo Bragança Jornal Diário em 2004

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