Apesar das pequenas mentiras fazerem parte das relações sociais, quando se torna compulsiva, pode indicar transtorno e necessitar de tratamento.
Ariadine Lechner –
ariadinepp@terra.com.br.

Pequenas mentiras fazem parte das relações sociais, como dizer que sim, a roupa da amiga está ótima quando questionada em plena festa, ou que o bolo preparado com tanto carinho pela mãe está saboroso (embora esteja duro como uma pedra). Mas quando a mentira toma conta da realidade, onde a pessoa se torna uma mentirosa compulsiva, é sinal de que há algo errado.

A psicóloga Viviane Marques Tafuri Vieira diz que os compulsivos são uma classe em geral. “A pessoa que mente compulsivamente não é diferente de uma pessoa, por exemplo, que lava a mão compulsivamente. A compulsão sempre tem uma função e, em geral, é de evitar alguma coisa. Então agindo compulsivamente a pessoa evita algo que seja ruim para ela”, explica. Viviane diz que a pessoa acaba por adiar alguma coisa, pelo menos momentaneamente, que possa lhe fazer mal ou ter efeito negativo. A compulsão serve também como alívio de ansiedade. “Porque quando minto ou me comporto de maneira compulsiva, eu prevejo que algo ruim possa me acontecer”, comenta.

Para Viviane o comportamento de “mentir”, e mesmo as pequenas mentiras do dia-a-dia (“nossa, seu cabelo está lindo!”) têm sempre uma função. “Algumas vezes, a mentira traz alguns “ganhos”, quando você inventa uma desculpa para faltar ao trabalho, por exemplo. Mas ela é sempre funcional em sua vida”, cita.

Quando a mentira acontece sucessivamente é importante notar o que está por trás de tal comportamento. “Talvez a pessoa esteja vivendo em um ambiente em que ela esteja sendo punida o tempo inteiro. Então ela está precisando sempre mentir para se livrar de algo”, diz. Muitas vezes, segundo Viviane, a pessoa que mente não percebe que as pessoas estão se afastando de seu convívio em virtude de seu comportamento. “Ela não tem a percepção que a gente tem, por isso é interessante que a gente dê dicas à ela, cita. A pessoa só muda este comportamento quando a mentira não cumpre mais uma função e o indivíduo precisa encontrar maneiras alternativas de agir.

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